quinta-feira, dezembro 22, 2005

Que você seja feliz!

terça-feira, dezembro 13, 2005

Amor *John Lennon*

O Amor é real, a realidade é amor
O Amor é sentimento, sentindo amor
O Amor está querendo ser amado

O Amor é tocar, o toque é amor
O Amor é alcançar, alcançando amor
O Amor está pedindo para ser amado

O Amor é você
Você e eu
O Amor é conhecimento
Nós podemos conhecer
O Amor é gratuito, livre é o amor
O Amor é viver, vivendo o amor
O Amor está precisando ser amado

*John Lennon*
[1940 - 1980]

Love is real, real is love
Love is feeling, feeling love
Love is wanting to be loved

Love is touch, touch is love
Love is reaching, reaching love
Love is asking to be loved

Love is you
You and me
Love is knowing
We can be
Love is free, free is love
Love is living, living love
Love is needing to be loved

*John Lennon*
[1940 - 1980]

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Samba e amor *Chico Buarque de Holanda*

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade,
que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama,
reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da benvinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade,
que alarde
Será que é tão difícil amanhecer

Não sei se preguiçoso, ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã.

*Chico Buarque de Holanda*
[1944 - ]

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Leve, breve, suave, *Fernando Pessoa*

Leve, breve, suave,
Um canto de ave
Sobe no ar com que principia
O dia.
Escuto, e passou...
Parece que foi só porque escutei
Que parou.
Nunca, nunca em nada,
Raie a madrugada,
Ou 'splenda o dia, ou doure no declive,
Tive
Prazer a durar
Mais do que o nada, a perda, antes de eu o ir
Gozar.

*Fernando Pessoa *
[1888 - 1935]

quinta-feira, novembro 24, 2005

Vejo nos olhos *Guido Cavalcanti*

Nos olhos de minha dama vejo eu
uma luz cheia de espíritos do amor,
que traz um prazer novo no coração,
de forma que uma vida jovial desperta lá.

Algo me acontece quando estou na presença dela,
que não posso descrever ao intelecto:
me parece que dos lábios dela emite coisa de si tão
bonita, que a mente
compreender não pode, porque imediatamente outra
brota de beleza impar,
da qual parece que uma estrela surge
e diga: "Sua salvação surgiu".

Lá de onde esta bela dama surge,
uma voz que a precede é ouvida;
e parece, movida pela singeleza dela que canta tão
docemente para o seu nome, que se tento descrever isso,
eu sinto o valor dela me fazer tremer,
e surgem suspiros na alma movendo-se
que dizem:"Veja, se você a contempla,
você verá sua virtude ascender ao céu".

*Guido Cavalcanti*
[1259 - 1300]

Veggio negli occhi
[original: Italiano - Toscano]

Veggio negli occhi de la donna mia
un lume pien di spirit d'amore
che porta uno piacer novo nel core,
si che vi desta d'allegrezza vita.

Chosa m'aven quand'i le son presente,
ch'i no la posso a lo 'nteletto dire:
veder mi par de la sua labbia uscire
una sì bella donna, che la mente
compreender no la può, chè
'nmantenente
ne nasce un'altra di bellezza nove,
de la qual par ch'una stella si mova
e dica: la salute tua è apparita.

Là dove questa bella donna appare,
s'ode una voce che le vèn davanti;
e par che d'umilità il su' nome canti
sì dolcemente, che s'i' 'l vo' contare,
sento che 'l su' valor mi fa tremare;
e movonsi nell'anima sospiri
che dicon: "Guarda, su tu costei miri,
vedrà 'l sua vertù nel ciel salita."

*Guido Cavalcanti"
[1259 - 1300]

quarta-feira, novembro 16, 2005

Versos Sencillos *José Martí*

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma,
Y antes de morirme quiero
Echar mis versos del alma.

Mi verso es de un verde claro,
Y de un carmín encendido,
Mi verso es un ciervo herido,
Que busca del monte amparo.

Con los pobres de la tierra,
Quiero yo mi suerte echar,
El arroyo de la sierra,
Me complace más que el mar.

Yo vengo de todas partes,
Y hacia todas partes voy:
Arte soy entre las artes,
En los montes, monte soy.

Yo se los nombres extranos
De las yerbas y las flores,
Y de mortales enganos,
Y de sublimes dolores.

Yo he visto en la noche oscura
Llover sobre mi cabeza
Los razos de lumbre pura
De la divina belleza.

Alas nacer vi en los hombres
De las mujeres hermosas:
Y salir de los escombros,
Volando las mariposas.

He visto vivir a un hombre
Con el punal al costado,
Sin decir jamas el nombre
De aquella que lo ha matado.

Rapida, como un reflejo,
Dos veces vi el alma, dos:
Cuando murio el pobre viejo,
Cuando ella me dijo adios.

*José Julián Martí*
[1853 - 1895]

terça-feira, novembro 08, 2005

Monólogo de Hamlet *William Shakespeare*

(Hamlet, Ato II, Cena 1)

Ser, ou não ser - eis a questão.
O que é mais nobre para a mente sofrer
Os dardos e setas de destino cruel
Ou pegar em armas contra um mar de desgraças
E pela resistência pôr-lhes fim? Morrer, dormir;
Nada mais? E com o sono, dizem, terminamos
O pesar do coração e os inúmeros naturais conflitos
Da carne herdados. Eis um epílogo
Devotamente desejado. Morrer, dormir.
Dormir - sonhar talvez. Eis a dificuldade.
Nesse sono da morte, que sonhos virão
Quando nos libertarmos do invólucro mortal
Devemos nos deter. Aí está a reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria os insultos e desdéns do tempo,
A injúria do opressor, a afronta do soberbo,
As angústias do amor desprezado, a morosidade da lei,
As insolências do poder, e as humilhações
Que o mérito paciente tem do indigno,
Quando ele próprio pudesse encontrar repouso
Com uma lâmina nua?
Quem suportaria tão duras cargas,
Gemendo e suando sob uma vida penosa,
Se não fosse o temor de algo após a morte -
Região misteriosa, fronteira de onde
Nenhum viajante retornou - confundindo a vontade,
E impelindo-nos a suportar os males que nos afligem
Em vez de nos lançarmos a outras que não sabemos?
Assim nossa consciência nos faz covardes em tudo.
E assim a cor nativa de nossas resoluções
Se debilita na pálida sombra do pensamento,
E as empreitadas de maior alento e importância
Com semelhantes reflexões desviam seu curso
E perdem o nome de ação.
*William Shakespeare*
[1564 - 1616]

Hamlet's Monologue
(Hamlet, Act II, Sc 1)

To be, or not to be - that is the question.
Wheter 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune
Or to take arms against a sea of troubles
And by oppossing end them? To die, to sleep;
No more? And by a sleep, to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to. 'Tis a consumation
Devoutly to be wished. To die, to sleep.
To sleep - perchance to dream. Ay, there's the rub.
For in that sleep of death, what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil
Must give us pause. There's the respect
That makes calamity of so long life.
For who would bear the whips and scorns of time,
Th' opressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolen of office, and the spurns
That patient merit of th'unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin?
Who would these fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death -
The undiscovered country, form whose bourn
No traveller returns - puzzles the will,
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all.
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pitch and moment
With this regard their currents turn awry
And lose the name of action.


*William Shakespeare*
[1564 - 1616]